Daltonismo: a evolução.

A anomalia em um dos cones dos fotorreceptores visuais, conhecida como daltonismo, atinge cerca de 5% da população mundial masculina e 1% da feminina. Diagnosticada no século XVIII, por John Dalton, tal mutação impede a percepção comum de certas cores no cotidiano do indivíduo. Entretanto, outras cores se tornam mais perceptivas que o comum, mais específicas, o que, geralmente, não é muito ressaltado.
Segundo a emissora de rádio e tv "British Broadcasting Corporation" (BBC), cientistas já se aproximam de uma cura, por meio de pesquisas em primatas. Mas, eu, pessoalmente, não gostaria de ser curado, porque, além de poder me causar um surto psicótico, eu deixaria de ser considerado uma vantagem evolutiva - como descrito na BBC Online -, eu não teria mais facilidade que o comum em perceber camuflagens ocultas na mata - até hoje não me foi útil, mas quem sabe um dia - e não teria mais uma visão noturna superior à sua. É isso mesmo, como você percebeu eu sou quase um X-Men.

No entanto, o que me motivou a este post não é nada do já mencionado. E, sim, situações as quais, certamente, qualquer daltônico já passou. E, em suma, eis as três mais comuns, que separei em tópicos:

Três coisas para não se falar a um daltônico:

- Que cor é essa?
Essa é a mais comum e o grande tabú. Evidentemente, essa é a pergunta mais ouvida em nossas vidas. Sabemos que a curiosidade é grande e, à primeira vista, é uma pergunta ingênua, não há nada demais. Mas pare e reflita: você acha bonito quando mamãe ou vovó faz um pavê sensacional, e seu tio, inconveniente e desnecessário como sempre, chega com aquela piada como se fosse novidade? Ou até mesmo você, chamado Elvis, que já não tem mais motivação para novas amizades, pelo fato de ter que se apresentar pelo nome e saber que o cidadão, sem dúvida, seguirá o diálogo com um raciocínio que na cabeça dele só ele foi capaz de pensar:
- Ahh, Elvis não morreu.
Tenso, tenso, tenso, tenso, tenso, tenso.
Nada disso é bonito. E o que é preciso que você entenda, é que a situação, na posição do daltônico, é exatamente essa. No mínimo, desprezível.


Após três vezes perguntar o item acima e três acertos consecutivos do daltônico:
- Pô, você é daltônico nada.
Ah, legal. Que bom que você pensa assim.
CACETE! Agora, só porque eu sou daltônico, eu não tenho nem o direito de ver ALGUMAS cores certas? Além de daltônico, agora, você me chama de farsante? Não me faça andar com um atestato oftalmológico na carteira¹. Egoísta, pode ficar com seu mundinho colorido pra você, mundinho Restart.


Depois de ver o mundo de um daltônico, por meio de simuladores ineficientes:
- Cara, tudo pra você é tão triste e sem vida.
Pô, cara, obrigado pelo apoio. Tô bem melhor, agora. Na verdade, essa é uma conclusão equívocada. Eu vejo assim desde que nasci, então, aprendi o triste (de vocês) como feliz. No fim, vocês é que são pessimistas demais.

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Enfim, não precisa ter pena de mim. Porque, mesmo que isso fosse tão ruim, a cura já está próxima, como já falei. Eu vejo melhor no escuro que vocês. Caso entrássemos eu guerra, no meio da mata, eu te mataria, fácil, fácil. Eu vejo um arco-íris com menos cores, assim não preciso perder tanto tempo contando-as - que vantagem. Quem é considerado a evolução, aqui, sou eu.
Tem certeza que é você quem tem que ter pena de mim?


¹ - Eu realmente ando com um atestado oftalmológico de daltonismo por estar cansado de ser chamado de mentiroso.

▬▬ Para a felicidade dos mais descoupados, separei alguns links úteis sobre o assunto:

► Simulador de daltonismo em imagens -http://www.etre.com/tools/colourblindsimulator/ - O meu tipo de daltonismo é o "deuteranope", ou "deuteranópico".

► Simulador de daltonismo em páginas da web - http://www.vischeck.com/vischeck/vischeckURL.php - Simula como seria uma página na internet na visão de um daltônico.

► Teste de Isihara - http://www.ibrau.com.br/ishihara.htm - Veja se você é daltônico.

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"Lhama dada não se olha os dentes."
Ditado popular